Por décadas o ambiente de trabalho foi equivalente ao espaço físico onde se executavam tarefas a gente costumava “montar acampamento”. Havia quem comesse sanduíche na mesa de trabalho! De fato, passávamos mais horas na empresa do que em casa.

Surgia a necessidade de locais cada vez mais acessíveis, acolhedores, simpáticos e criativos. Talvez tenha sido nesse contexto que se escolheu paredes cinza, moveis em cores vibrantes, bandejas de frutas, frigobares, videogame, mesa de bilhar, patinetes e uma dezena de elementos criativos para que todo mundo se “sentisse em casa”. Lembro que a cada desconforto percebido, um novo item era acrescentado ao acervo “office home”, assim o clima era amenizado e a satisfação garantida — aparentemente.

Em razão do contexto pandêmico e a popularização do trabalho remoto, novas demandas apareceram. A resposta foi imediata, oferecia-se de cadeiras ergonômicas, descanso de pés, disponibilização de câmeras potentes e até ajuda de custo para turbinar a banda larga no novo escritório, em casa.

Introduziu-se efetivamente o “home office”. Agora já não era o escritório com cara de casa, mas a casa precisava ficar muito semelhante ao escritório.

Como extensão, passamos a receber kits para happy hour online, pizzas pré-assadas, pipocas de micro-ondas e toda sorte de apetrechos para garantir que todos os hábitos motivacionais (?) anteriores pudessem ser mantidos, mas agora em casa.

Foram iniciativas louváveis, mas pouco efetivas na medida em que segurança psicológica e clima organizacional não se faz apenas produzindo ambientes parecidos com o que estávamos acostumados.

Resgato Maslow e sua Teoria das Necessidades Humanas (1943) que mesmo tendo sido amplamente utilizada, e eventualmente desgastada por mau uso, pode ser aplicada maneira dialética.

Ele preconiza que motivação e satisfação pessoal podem ser hierarquizadas em categorias (fisiológica, segurança, afeto, estima e autorealização) e cada conjunto de necessidade, das primárias até as mais sofisticadas como a transcendência, envolvem a ideia de reconhecimento e bem estar.

Vale lembrar que segundo a teoria, uma pessoa só será motivada a satisfazer a necessidade do estágio seguinte, se a necessidade do estágio atual estiver satisfeita, ou seja, é um processo gradual e dinâmico.

Partindo-se desta premissa, justifica-se a necessidade da ampliação das discussões sobre ambiente seguro e criativo, liberdade de expressão, exploração de problemas, senso de pertencimento, atmosfera de aprendizagem, tolerância a erros etc., pois não há como negar a realidade de que não se constrói ambiente seguro e produtivo de maneira massificada, já que cada pessoa discerne suas necessidades de modo peculiar.

Em paralelo, a OMS acaba de divulgar (03/2022) ampla a prevalência global de depressão e ansiedade cresceu 25% já no primeiro ano da pandemia e que há uma tendência percebida na piora desta situação. Esta realidade fez com que 90% dos países participantes da pesquisa incluíssem saúde mental e apoio psicossocial em seus planos de resposta à COVID-19, realidade que afeta pessoas, empresas e a sociedade como um todo.

Para além do modelo de trabalho, presencial, home office ou híbrido, é preciso cuidar para que as necessidades básicas humanas (pessoais ou profissionais) sejam percebidas, e não apenas satisfeitas.

Em outras palavras, no ambiente organizacional, seja qual for o modelo de trabalho, mais do que serem ouvidas, é necessário que as pessoas sintam que estão sendo ouvidas.

Mais do que serem acolhidas e direcionadas por meio das diversas formas de “on bording”, é necessário se percebam livres, seguras, aceitas, incentivadas a experimentação e a autonomia responsável.

Como ensina Amy Edmondson (“The Fearless Organization”, 2019), segurança psicológica é a crença de que o ambiente de trabalho é tão seguro que posso assumir risco interpessoal a ponto de que confiança e respeito mútuo, faz com que todos se sintam aptos e ao mesmo tempo, constrangidos a serem sinceros, em tudo, inclusive das falhas, deficiências e necessidades.

Aqui na We Head, a questão da saúde mental e da segurança psicológica não é tratada como tabu ou modismo. Pelo contrário, somos colecionadores de narrativas reais de transformação pessoal e organizacional, que por meio de recursos cientificamente eficazes ressignificaram a vida. Da terapia à capacitação de lideranças, auxiliamos pessoas, e estas fazem o resto!

Marcos Wagner, Psicólogo Clínico e Partner em segurança psicológica da We Head.

 
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